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IMPLANTAÇÃO DA PASTORAL DA CRIANÇA NA COMUNIDADE DE SANTO ANTÔNIO EM TIRIRICA

No domingo de Pentecostes, 15 de maio de 2016, com a ajuda do Espírito Santo e com a presença do Diácono Carlinhos, depois da Celebração da Palavra presidida por Frei Severino, a Comundade da Tiririca aceitou iniciar a Pastoral da Criança para cuidar e proteger as crianças de zero à cinco anos de idade.
 Dona Marli foi escolhida por unanimidade para ser a Responsável da Pastoral da Criança no Povoado da Tiririca.

e Dona Deiraci, que é a Responsavel Paroquial da Pastoral da Criança, se comprometeu, junto com suas companheiras, de realizar as reuniões na Tiririca,

e realizar também o dia da Festa do Peso.

Que o Espírito Santo nos ajude a terminar tão bem, o que tão bem iniciamos.

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DOM DO CONSELHO: 

um Dom indispensável 

à vida hodierna do século XXI.

por Frei Severino Fernandes de Sousa, OFM
Na festa de Pentecostes que será comemorado em 14 de maio de 2016, na Matriz da Quase Paróquia de Barra do Pojuca, Frei Severino Fernandes de Sousa, que ficou responsável para, em nome das Comunidades da Tiririca e do Lodo pronunciar uma reflexão sobre o Dom do Conselho, elaborou a seguinte reflexão:

 

Um dos Sete Dons do Espírito Santo é o Dom do Conselho. O Dom do Conselho consegue unir dois polos em tensão. De um lado, Deus inspira os seres humanos à ação. De outro, a estrutura psíquica, as possibilidades e os limites das pessoas pedem prudência. Assim, alguém pode ser movido por Deus a largar tudo e partir para missões longínquas. No entanto, ele precisa conhecer sua capacidade de adaptação e saber se é suficientemente aberto para outras culturas, colaborando para a inculturação da fé, e se tem estrutura psico-afetiva para viver fora da pátria. Nesse momento intervém o Dom do Conselho. É´ preciso consultar-se e, aos outros para encontrar a Vontade de Deus. Este é o resultado da moção sentida em confronto com a realidade.

Necessitamos do Dom do Conselho na mesma medida em que a realidade moderna e pós moderna se torna mais complexa, mais fatores intervém no nosso cotidiano quanto mais pluralista é a sociedade.

Num mundo em que a tradição se impunha, o Conselho poderia resumir-se à transmissão fiel da cultura e das experiências dos mais velhos. Mas, num mundo que pôs no centro a experiência humana, a subjetividade e a autonomia, o Dom do Conselho impede-nos de tomar decisões arbitrárias. E´ um Dom extremamente necessários aos jovens de hoje, que vivem numa culutra que desconhece limites. O Dom do Conselho é indispensável para estabelecer ações de acordo com o bem, a ética e o Evangelho.

Também em um mundo e uma sociedade cheio de conflitos o Dom do Conselho é indispensável também aos adultos e idosos, porque o Dom do Consellho leva ao diálogo e à paz.

Neste contexto, sirvo-me do auxílio da socióloga Vera Araújo, membro do Movimento dos Focolares, que em uma de suas palestras versou sobre O CONFLITO À LUZ DO CARISMA DA UNIDADE.

Não há dúvida de que o conflito é um dos temas freqüentes na Sociologia, um dos mais estudados e aprofundados, porque está relacionado ao problema da ordem e da mutação, colunas principais do conhecimento sociológico.

Para livrar o campo de equívocos e mal-entendidos, é preciso afirmar imediatamente que não cabe à Sociologia indagar as causas ontológicas do conflito, mas, sobretudo constatar a sua presença na vida social, identificar e analisar as suas causas (funcionais, comportamentais, organizativas, ambientais, estruturais), além dos seus efeitos, da sua dinâmica e, possivelmente, da sua solução.

Olhando dessa perspectiva, concordo com Coser, quando afirma que: «A existência de conflitos no interior de um grupo e entre eles é uma característica perene da vida social, um componente essencial da interação em cada sociedade conhecida»[1].

Constatar a existência dos conflitos na convivência social, entre indivíduos, grupos, associações, comunidades, setores de interesse, nos Estados e até na Igreja; em, etnias, culturas, foi e continua sendo uma contribuição que a Ciência Sociológica dá para a compreensão da interação e da integração social.

Para resumir em poucas palavras o que já foi dito a esse respeito, podemos indicar sumariamente duas posições, duas grandes orientações ou modos diferentes de ver os conflitos por parte das diversas teorias e correntes sociológicas que contêm, obviamente, muitos matizes e enfoques diferentes.

Uma delas vê os conflitos como fenômenos patológicos, como sintomas de uma doença do corpo social, como indicações de desvios nas relações sociais.

Uma segunda, ao invés, considera os conflitos como formas normais da interação que contribuem para a conservação, para o desenvolvimento, para as necessárias mudanças e para o conjunto dos equilíbrios dos setores sociais.

Não desejo, nem é o meu interesse, penetrar nas posições de Marx, de Simmel, de Weber ou de outros autores sobre a função do conflito na vida da sociedade; mas apenas refletir como os dons do Espírito Santo cooperam para a solução dos conflitos na sociedade; e mais precisamente o dom do Conselho; um Dom altamente positivo que o Espírito Santa esparrama no coração, na mente, na inteligênca, no discernimento, no Entendimento que é um outro Dom do Espírito Santo, assim como na fala e na argumentação que cada pessoa pode e deve exercer doando bons conselhos para elucidar os conflitos, dentro da sua casa, dentro da sua comunidade, e até dentro da Igreja; para isto é suficiente escutar aquela vozinha interior que o Espírito Santo coloca dentro de cada um de nós e escutar o seu Conselho para aconelhar aos incautos.

É suficiente para mim destacar que a teoria do conflito e a da integração, não só não devem ser consideradas sistemas interpretativos contrapostos, que se excluem reciprocamente, mas, pelo contrário, devem ter cidadania plena como componentes de uma teoria sociológica geral que tem a missão, não só de descrever os fenômenos sociais, mas também de compreendê-los e de transformá-los.

Isso significa que o problema não é tanto aquele de eliminar os conflitos da vida social (muitos consideram isso uma tentativa destinada ao fracasso), mas de compreender quando o conflito torna-se prejudicial ou disfuncional para o benesse social. Mas isso não basta: o grande desafio, para a construção de uma sociedade civil e também de uma sociedade religiosa; uma sociedade vivível, é encontrar as motivações e as capacidades de transformar a dialética conflitual de violência, contraste e contraposição, numa dinâmica de empatia, harmonia e cooperação; em suma em uma dinâmica de unidade; pois Jesus em uma dinâmca de unidade com o Pai rezou para que também nós possamos possuir esta dinâmica do Espírito Santo, a dinâmica da união e da unidade, Jo. 17, 6 – 11; que gera o Dom do Conselho e todos nós: homens, mulheres, rapazes e moças, meninos e meninas; podemos através do Dom do Conselho nos tornar Evangelizadores do Pai; formadores de uma Igreja plena de harmonia que sabe vencer os conflitos; nos tornando protagonistas da unidade, da evangelização, da paz, e construtores de uma Igreja viril e primaveril.   Jo. 17, 20 – 23;

Isso exige um conhecimento teórico e prático da essência dos atores sociais e dos processos que os envolvem na construção de uma convivência social harmoniosa e feliz, dinâmica e em crescimento.

Este conhecimento não pode ser só sociológico. Ele é metasociológico e chama em causa outras ciências humanísticas e sociais como a antropologia, a psicologia, a filosofia, a economia, as Ciências políticas, a teologia, etc.

De que modo o carisma da unidade, na riqueza de sua doutrina espiritual e na sua aplicação feita pelos seus membros em situações sociais muito variadas e universais, pode oferecer um modelo ou até mesmo um paradigma para a construção de modelos teóricos, de estratégias de busca empírica e de esquemas de aplicações inovadores?

Que indicações pode nos oferecer para a compreensão dos mecanismos conflituais e para descobrir a possibilidade concreta de passar para uma etapa sucessiva de crescimento e de progresso?

Para ter uma resposta exaustiva acerca dessas questões serão necessários anos, décadas, ou até mesmo séculos de estudos e de experimentação.

Gostaria de indicar alguns pontos de interesse que o Movimento dos Focolares em sua prática e em sua reflexão, têm atuado na Sociedade e na Igreja.

Vamos partir de um dado bíblico, mas da nossa perspectiva sociológica, conscientes de que, se para os cristãos a Bíblia constitui o texto fundamental da sua fé, nela todos os seres humanos podem encontrar uma fonte de ensinamentos aceitáveis também a nível social, pela sua validade humanística e axiológica.

·         O ensinamento bíblico concebe o ser humano como "imagem e semelhança" de Deus (Gn 1,26 ss), isto é, como um ser pessoal, chamado a realizar plenamente a sua capacidade constitutiva de relacionar-se.

«O contexto bíblico da definição do homem como imagem de Deus, autoriza a conceber o homem substancialmente como um ser capaz de viver uma existência relacional. A sua capacidade dialógica enunciada assim, a sua destinação à comunidade e à comunhão plasma de tal modo que a sua consciência a ponto de poder livremente estruturá-la, com uma conseqüente responsabilidade a seu respeito»[2].

Esta relacionalidade é vivida pelo homem, na narração bíblica, de modo harmonioso e pacífico, alegre e feliz.

«A imagem do casal humano, colocado no jardim, é a imagem de uma harmonia criada a partir da relação com Deus que do nada dá a vida e dá a vida ao homem e à mulher, tornando-os seus interlocutores e colocando-os em diálogo entre eles. Deus cria essas criaturas humanas numa condição de possível e devida interlocução. As imagens do "jardim" exprimem uma terra capaz de fazer o homem viver serena e harmoniosamente (cf Gn 2,8-15). Deus criador não só provê a isso, mas ele mesmo está presente, fala com o homem e faz com que compreendam o sentido da realidade (cfra. Gn 2,16-18), a ponto de poder governá-la segundo a intencionalidade do próprio Criador (Cfra.  Gn 3,18)[3].

Chiara Lubich, Fundadora do Movimento dos Focolares, que é um Movimento da Igreja Católica; exprime este conhecimento e esta certeza em termos muito claros: tudo o que existe é amor, tudo é substância de amor. Aliás, Deus é amor, Amor Trinitário. Toda a realidade criada é amor, é comunhão de amor. O amor é também a lei do relacionamento entre os seres humanos, da vivência e da convivência, dos processos de crescimento e das mutações, da ordem, do progresso. O Dom do Conselho também é amor; é por amor que os pais aconselham os seus filhos e filhas; é por amor que uma pessoa cria coragem e vai apartar uma briga quando dois estão brigando; é por amor que alguém aconselha outrém a realizar o bem na sua casa e na sua comunidade; é o amor que faz os jovens de uma Comunidade, de um Povoado ou de um Distrito se organizarem em reunião de Grupo de Jovens para refletir sobre a vida e sobre a Palavra de Deus, e sem saber que é o Espírito Santo que os estão guiando recebem deste mesmo Espírito o Conselho de viverem alegres, felizes e promoverem ações concretas de um relacionamento de amor mútuo capaz de injetar vida saudável na sociedade e transformar a vida amargurada de alguns adultos da sua comunidade em vida alegre e prazenteira.

Em escrito inédito de Chiara Lubich encontramos esta sua frase:

«Tudo está enamorado em mim e fora de mim. Sinto que fui criada como um dom para quem está perto de mim e quem está perto de mim foi criado por Deus como um dom para mim (...) Na Terra tudo está em relacionamento de amor com tudo: cada coisa com outra. Mas é preciso ser o Amor para encontrar o fio de ouro entre os seres».

O fio de ouro, invisível mas eficaz que existe em Comunidades Eclesiais; e oxalá que este fio de ouro exista em todas as quinze Comunidades Ecelsiais da nossa Quase Paróquia de Nossa Senhora de Fátima e São Francisco de Assis, possa nos capacitar, de hoje em diante, de sermos melhores transmissores dos Dons do Espírito Santo; para isto o nosso Pároco Padre Alex teve a feliz idéia num auge de euforia espiritual de aconselhar aos membros do Conselho Paroquial para que as Comunidades reflitam sobre os Dons do Espírito Santo e em um evento como este, que só o Pai pode conceber, podermos ser ajudados com as reflexões das Comunidades sobre os sete Dons do Esírito Santo. Que melhor Conselho o Espírito Santo poderia aconselhar ao nosso Pároco.?

Mesmo assim a realidade dos relacionamentos sociais se apresenta a nós, historicamente, na sua dimensão conflituosa com características universais.

Também neste caso o dado bíblico é explicito ao indicar um significado para esta realidade.

A falta de unidade entrou no mundo e a unidade se desfez por causa da desobediência do homem ao projeto originário de Deus. Também a natureza é envolvida e no lugar da harmonia entra o conflito. (Gn. 3, 1 – 4, 25).

«O pecado constitui uma condição histórica de relações que deixaram de ser comunhão. Adão e Eva parecem estar unidos no desejo de construir a própria vida sem depender de Deus (cf Gn 3,1-6). Mas quando a desarmonia com Deus exprime-se na sua tentativa de evitar a sua presença, escondendo-se, também a aparente comunhão entre eles se revela ardilosa. Assim que deve "responder", Adão procura defender-se e, para se desculpar, não hesita em acusar a sua mulher Eva. Dessa relação falsificada deriva a hostilidade da própria terra. Os homens não vivem mais no "jardim", as relações entre eles são de posse e de defesa, com os frutos da morte que logo depois começam a aparecer»[4] (Cf Gn 4,1-6).

Com o pecado – termo com o qual na Bíblia indica a nova situação –, entram no mundo e nas relações humanas o mal, a luta, a violência e o conflito, mas no coração do homem permanecerá para sempre a recordação inconsciente e a saudade do que ele perdeu e o seu vagar pelo mundo, no fundo, nada mais será que a busca do seu destino originário.

 

·         Desta situação não se podia sair nem por uma intuição psicológica, nem por meio de uma construção social e muito menos por meio de uma revolução política. Um dom de amor foi o seu início e nada mais que um dom de amor é o seu "retorno", por meio de um novo nascimento.

O Verbo de Deus – nos diz o ensinamento bíblico no ápice da sua mensagem – assumindo a nossa humanidade realiza aquele "retorno", realiza historicamente a nossa transfiguração.

«Na Encarnação (...) a perdida união do homem com Deus volta a ser realidade. (...) A união com Deus, sendo natural no homem-Deus, poderá estender-se também aos outros homens, quando estiverem unidos fisicamente. E isso não é tudo. Se a sua humanidade está destinada a se tornar uma fonte de santidade para todos, (Cfr. Sabedoria 10, 15; Lv. 19, 2; Lv. 11, 44; 1 Pd. 1, 16; Eclo. 45, 6;).

O Homem-Deus, Jesus, deverá transformar totalmente a natureza que adotou e libertá-la de todas as conseqüências do afastamento de Deus»[5].

O Profeta Ezequiel já profetizara que os Catequistas, os Evangelizadores; os membros de todas as Pastorais da Igreja; os Consagrados e as Consagradas; “Instruirão o povo de Deus a respeito do que é Santo e do que é profano, e o informarão sobre o impuro e o puro”; Ez. 44, 23; abrangendo assim o Dom do Conselho e também o Dom do Entendimento; que gera os frutos do Espírito da Inteligência e do Discernimento.

·         O carisma da unidade, Mt. 18, 20,  nos indica no mistério de Jesus crucificado e abandonado, Mt. 27, 46; Mc. 15, 34; Sl. 22, 2; é o evento onde a transformação da tristeza em alegria, a transformação de quem vive afastado de Deus em uma vida mais ativa na Igreja e mais unida à Deus; de uma vida de apatia em uma vida de particição cidadã civil e religiosa se concretiza através do Dom do Conselho e da vivência de todos os outros Dons do Espírito Santo; leva à uma Ressurreição da Comunidade; à uma Ressurreição de cada um de nós; e Jesus Ressuscitado é a nossa vida. (Lc. 24, 6 – 7). E então, também nós, papssaremos a ser Comunicadores da Verdade; e como os Apóstolos, evangelizadores do Evangelho de Jesus. (Lc. 24, 8 – 9).

·         Quero aqui informmar que o Espírito Santo ensinou Chiara Lubich a levar até às últimas conseqüências o seu "ler", "interpretar" e "resolver" os males do mundo – todos – à luz do abandono de Jesus.

«Para amar bem – assim ela afirma –, não identifique nas dificuldades, nas coisas erradas e nos sofrimentos do mundo unicamente males sociais, que devem ser sanados, mas é preciso ver em tudo o semblante de Cristo, que aceitou esconder-se em cada miséria humana»[6].

Uma análise e uma leitura que levam muito a sério a solidariedade, a identificação do Abandonado com todos os crucificados da terra: «De fato, cada dor física, moral ou espiritual são uma sombra da sua grande dor.

Jesus abandonado é a figura de quem se sente perplexo, hesitante, de quem pergunta por quê? Jesus abandonado é a figura do mudo: não sabe mais falar... De certo modo, Jesus abandonado é também a «figura do cego: que não vê, do surdo que não ouve mais. É o cansado que se queixa. Chega à beira do desespero. É o faminto de união com Deus. É a figura do iludido, do medroso, do desorientado, parece fracassado. Jesus Abandonado é a imagem das trevas, da melancolia, do contraste; é a figura de tudo o que é indefinível, que é estranho, porque é um Deus que pede ajuda! É a falta de sentido».

Jesus abandonado é o solitário, o deserdado...

E o que acontece quando se encontram essas figuras vivas de Jesus abandonado?. Quando se aproximam de nós aqueles que se assemelham a ele, podemos falar-lhe abertamente de Jesus abandonado: "Viu, também Jesus abandonado era como você!" E para todos os que se descobriam semelhantes a Ele e aceitavam compartilhar a sua sorte, eis que ele se tornava: para o mudo, a palavra; para quem não sabe, a resposta; para o cego, a luz; para o surdo, a voz; para o cansado, o repouso; para o desesperado, a esperança; para o faminto, a saciedade; para o iludido, a realidade; para o fracassado, a vitória; para o medroso, a coragem; para o triste, a alegria; para o incerto, a segurança; para o estranho, a normalidade; para o solitário, o encontro; para o separado, a unidade; para o inútil, a única coisa que é útil; o descartado se sente eleito. Jesus Abandonado era para o inquieto, a paz; para o sem teto, a casa; para o expulso, o reencontro. Com Ele, as pessoas se transformam e o absurdo da dor adquire sentido»[7].

Os cientistas sociais; (com esta expressão me refiro a todos aqueles que trabalham em nível teórico, e àqueles que o fazem a nível mais operativo); assim como na Igreja os Catequistas, os Evangelizadores; os Missionários; e todos àqueles e aquelas que levam a Palavra de Deus com seu exemplo e com sua palavra; encontram constantemente situações particulares de sofrimento e de não sentido, onde identificam o semblante de Jesus abandonado.

Ele, Jesus abandonado, é o comprometido, a negação, a rejeição, o dissensão, a estranheza, a necessidade, a desintegração, a alienação, o desvio, a pobreza, a violência, a discriminação, a coerção, a punição, a desocupação, a dialética, a desagregação, o conflito; a anomia[8], e na vida social, onde algumas vezes há divergência ou conflito entre normas sociais, tornando-se difícil para o indivíduo respeitá-las igualmente; Jesus Abandonado é aquele que dá a coragem de olhá-lo de frente, chamando-o pelo nome, para amá-lo, ele pode se tornar: o acordo, a afirmação, a acolhida, o consenso, a participação, a abundância, a integração, a identidade, a retidão, a riqueza, a calma, a igualdade, a liberdade, o prêmio, a legalidade, a ocupação, o diálogo, o entrosamento.

E a busca para realizar a convivência social e fraterna, justa e solidária, e também um elo do Dom do Conselho; auxiliado por todos os outros Dons do Espírito Santo.

Ainda é possível reconhecer e encontrar Jesus abandonado na negatividade que hoje permeia o tecido da vida social, política, econômica, cultural, nacinal e internacional. Podemos encontrá-lo nas estruturas de pecado, na sede de dinheiro, na prepotência e na sede de poder, nos mecanismos financeiros e monetários injustos e opressivos, nos regimes de governo corruptos, na dilapidação da criação, nas relações sociais antagônicas... O elenco poderia crescer sem parar.

 

·         Mas não basta "ler" e "constatar" a sua presença no mundo. Jesus abandonado se revelou com o verdadeiro "segredo" e a preciosa "chave" para realizar a unidade para transformar o negativo em positivo. Como por uma alquimia divina, a dor amada se resolve em positivo. A divisão, o conflito, a contradição encontram o modo de recompor-se em harmonia, em unidade. É uma experiência de vida que pode se tornar um dado sociológico.

Chiara Lubich em um outro texto inédito dos seus escrityos afirma: «(Deus) quis fazer de toda a falta de unidade: Amor!. Ele se fez homem para amar em forma nova: com a dor; para divinizar a dor, isto é, toda a falta de unidade e resumiu em si todas as dores do mundo, todas as faltas de unidade do universo e as fez: Amor, Deus».

E acrescenta:

«De fato, ficou claro para nós que ele havia sofrido aquela tremenda sensação de abandono, de separação do Pai, exatamente para reunir todos os homens a Deus, separados como estavam dele por causa do pecado, e para reuni-los entre eles. Era evidente, portanto, que aquela dor imensa estava ligada ao mistério da unidade. Não só: mas ele, que não permaneceu no abismo daquele infinito sofrimento mas, com um esforço imenso e inimaginável, voltou a abandonar-se ao Pai – «em tuas mãos, Pai, entrego o meu espírito» (Lc 23,46) – nos ensinava o modo de nos comportarmos nas várias faltas de unidade, nas separações, nos abandonos e a maneira de superá-los»[9].

Em outra ocasião Chiara Lubich enfatizou: «Jesus abandonado foi aquele que explicou e ajudou a resolver todos os problemas que encontramos na vida, mas sobretudo as faltas de unidade, as divisões, as contraposições, as dilacerações, os traumas, as desarmonias que podiam se apresentar em nós e no meio do mundo»[10].

 

·         Uma pergunta se impõe nessa altura: de que modo e com que instrumentos os cientistas sociais, que se deixam guiar pelo paradigma da unidade, se colocam diante destas situações de conflito? De que modo ter influência, e não só como atitude pessoal, na sua resolução?

·         Esta mesma pergunta pode-se aplicar à todos os Agentes de Pastoral e podemos ter como resposta a resposta que a cientista social Vera Araújo deu aos Cientistas de um congresso de Ciências Sociais:

 

1.                       Não tentar ignorar ou esconder a existência do conflito nas relações sociais em cada nível. Ele existe e deve ser encarado de frente. Mas para o cientista social da unidade e para o Agente de Pastoral da Unidade; ele tem um rosto e um nome: chama-se Jesus abandonado.

Jesus abandonado, o pendurado no madeiro é o homem que assume todas as faltas de unidade do mundo:

Ainda citando Chiara Lubich e pesquisando ainda no escrito inédito que ela escreveu, encontramos sua afirmação: «Jesus abandonado é a encarnação da falta de unidade».

E, como tal, ele é o Deus dos que crêem e dos que não crêem, reduzido a mero homem, menos do que homem.

2.                       Quando se identificou Jesus abandonado-conflito, deve ser "abraçado", aceito, amado para poder ser transformado.

Este conselho, certamente é um Dom do Espírito Santo.

«Jesus abandonado, abraçado, estreitado a si, desejado como único tudo exclusivo, consumado em um conosco, consumados em um com Ele, feitos dor com Ele Dor: eis tudo. Eis como nos tornamos (por participação) Deus, o Amor»[11]; pois está escrito na Bíblia: “Vós sois deuses”. (Jo. 10, 34 – 36; Sl. 82 (81), 6; Ex. 21, 6).

Graças a esta dinâmica, o cientista social da unidade e o Agente da Pastoral da Unidade, não será mais um espectador "avaliador" (para usar uma expressão de Max Weber), neutro e separado da realidade para a qual trabalha. Ele, para ser autêntico, é uma pessoa "envolvida", "implicada" na realidade que pede o seu compromisso profissional[12]; o seu compromisso com Deus, o seu compromisso que recebeu na hora do batismo; que se tornou Missionário (a); um verdadeiro Agente Pastoral; e essa dinâmica de fazer-se um com a realidade que o cerca, de sentir as dores do seu semelhante e de se colocar à disposição para ministrar e viver a Palavra de Deus é, com toda certeza, um Dom do Espírito Santo; um Dom que sabe aconselhar.

3.                       Resumindo, a realidade conflitual deve ser amada para ser superada e resolvida. Mas o que significa amar para o cientista social e para o Agente Pastoral da unidade.?.

A resposta é simples e ao mesmo tempo complexa. Significa dialogar.

Vivemos numa sociedade complexa, não mais unívoca e ainda menos unitária. Multiplicam-se, no interior da sociedade, dos Estados e da Igreja Católica; uma rede de valores, culturas, civilizações. Como encontrar um ponto de referência, um esquema que nos permite comunicar o Dom de Deus e aconselhar os desorientados.?

A resposta é uma só: o diálogo, como meio para lançar pontes entre as partes em contraposição, para atar fios rompidos, reacender a comunicação interrompida, reavivar a interação apagada.

Na situação atual multi-cultural e multiétnica o diálogo não pode mais ser um "acessório", mas se impõe como necessidade.

Franco Ferrarotti escreveu muito bem: «O que hoje parece (...) necessário, é a passagem das culturas presumivelmente imperiais e onipotentes para o diálogo entre as culturas. Na situação atual as culturas não podem evitar o encontro e também um certo grau de "mistura" intercultural. No Ocidente se possui sobre isso uma visão exclusiva e puramente mercantil da troca, de forma que, se alguém ganha alguma coisa, deve existir alguém que perde. É preocupante ter que constatar que intelectuais de fama, que se proclamam liberais, pensam seriamente numa Europa e numa América do Norte "blindadas". Ao invés, é necessário e urgente elaborar no plano teórico e aplicar no plano prático-político um conceito e uma praxe de "co-tradição cultural", ou seja, a capacidade de aceitar e oferecer contribuições que superem e desdigam as lúgubres previsões daqueles que teorizam o "choque entre as civilizações". Quem não aceita as co-tradições culturais, deve, desde já, se preparar para o genocídio, se não para o auto-extermínio da humanidade. O dilema atual é claro: dialogar ou perecer»[13].

Para realizar o diálogo o paradigma da unidade oferece um método, uma estratégia muito rica e eficaz, cujo núcleo pode ser sintetizado em duas palavras: fazer-se um.

«Fazer-se um» implica um duplo movimento: sair de si (= esvaziar-se) e entrar no outro para realizar uma integração que não é fusão, mas unidade plena, na distinção. O primeiro movimento (=sair de si) se concretiza na disponibilidade de ouvir, de libertar a mente e o coração para criar um lugar de silêncio sobre o qual o outro pode falar, criar um cenário de fundo para colocar em evidência a luz. O segundo movimento (= entrar no outro) é conseqüente. Como escreve Rifkin: «É preciso superar os confins de si mesmo, estabelecer uma "residência emotiva" no ser do outro, a fim de que os seus sentimentos se tornem os nossos»[14]. O resultado é a integração, a unidade na distinção. As partes assim se encontram nas condições de serem enriquecidas por uma verdade mais verdadeira, por uma nova identidade que supera aquela de cada um, verdade universal e ao mesmo tempo comum a ambos, se bem que culta e expressa por ambos os sujeitos na sua distinta identidade.

As partes a que me refiro não são só os atores individuais, mas também os atores coletivos, ou seja, os Grupos, as Comunidades Eclesiais, os Estados. Os relacionamentos que se criam não são só interpessoais mas também estão presentes nas dimensões "macro" das instituições e estruturas privadas e públicas.

É óbvio que o modo para fazer-se um vai variar segundo as dimensões das partes em causa, mas o cerne dos conteúdos relacionais é sempre o mesmo.

"Fazer-se um", então, permite e torna possível acender um contato lá onde a relação, cada relação, estiver apagada ou parece morta (=conflito latente); de estabelecer uma reciprocidade onde ela se bloqueou (=conflito em ação=); de abrir uma brecha onde a relação se fechou, de criar um espaço, onde se torna possível um movimento; de acionar uma mudança onde a relação está parada.

Este dinamismo do "fazer-se um" nunca é automático e muito menos instantâneo. Pelo contrário, segundo a diversidade e a variedade das personalidades e dos contextos em que se opera, exige ritmos e tempos diferentes. Ritmos e tempos não vazios, mas impregnados de atitudes e valores como a paciência, a expectativa, a espera, a vigilância, e também o controle, a avaliação e a capacidade de intervir no momento oportuno.

Só assim somos capazes e estamos preparados para enfrentar e, eventualmente, encontrar soluções para os conflitos nas suas várias formas, e também os possíveis fracassos da própria ação. Este agir, certamente é o Dom do Conselho que o Espírito Santo nos infunde.

O Dom do Conselho também pede ajuda ao Dom do Entendimento, do Discernimento e da Piedade Divina, a graça de avaliar o Conselho que nossos conterrâneos nos oferecem, pois assim o livro do Eclesiástico, (Eclo 37, 7 – 15), se expressa: “Todo conselheiro enaltece seu conselho, mas há quem dê conselho em seu próprio interesse. Sê cauteloso em relação ao conselheiro e procura, antes, saber quais as suas necessidades. Pois ele pode aconselhar em seu próprio benefício e não lançar a sorte em teu favor. Poderá dizer-te: “Estás no bom caminho!”, mas se colocará do outro lado, para ver o que te acontece. Não peças conselho de quem te olha com suspeita e aos que te invejam não reveles tua intenção. Não consultes uma mulher a respeito de sua rival, nem um covarde sobre a guerra, nem um negociante sobre o comércio, nem um comprador sobre a venda, nem um invejoso sobre a gratidão, nem um descaridoso sobre a bondade. nem um preguiçoso sobre qualquer trabalho, nem um horista sobre o término do serviço, nem um servo preguiçoso sobre o trabalho pesado: a nenhum desses procures para conselho algum. Ao contrário, freqüenta assiduamente o homem piedoso, que sabes observador dos mandamentos de Deus, cujo ânimo é semelhante ao teu e que, se caíres, sofrerá contigo. Segue, depois, o que aconselha o coração, pois ninguém te é mais fiel do que ele. De fato, o ânimo do homem costuma advertir melhor do que sete sentinelas postadas no alto para vigiar. E acima de tudo isto suplica o Altíssimo, para que conduza teu caminho dentro da verdade.”

Deus ensina aos Governantes desta Terra, assim como aos Dirigentes da Igreja no governo do povo de Deus os critérios para constituir o Conselho dos Cardeais, Diocesanos e Paroquiais, quando aconselhou à Moisés através do seu sogro, Ex. 18, 17 – 26:  “Tu deves representar o povo diante de Deus, e levar perante ele os problemas. Esclarece-os a respeito dos decretos e das leis, e dá-lhes a conhecer o caminho a seguir, e o que devem fazer. Mas procura entre todo o povo homens de valor, que temem a Deus, dignos de confiança e inimigos da extorsão, e estabelece-os como chefes de mil, de cem, de cinqüenta e de dez. Eles julgarão o povo em casos comuns. A ti levarão as questões de maior importância, decidindo eles mesmos as menores. Aliviarás assim o peso do cargo e eles te ajudarão a carregá-lo. Se assim procederes, serás capaz de manter-te de pé, quando Deus te der ordens, e o povo poderá chegar em segurança ao seu destino”.

Com as palavras e com a oração do Profeta Jeremias termino esta reflexão: (Jr. 32, 17 – 22).

 “Ah! Senhor Deus!.  Tu fizeste o céu e a terra por teu grande poder e teu braço estendido. A ti nada é impossível!. Tu fazes misericórdia a mil gerações, mas punes a falta dos pais em seus filhos. Deus grande e forte, cujo nome é Senhor Todo-poderoso, grande em conselho, poderoso em ações, cujos olhos estão abertos sobre todos os caminhos dos homens para retribuir a cada um segundo a sua conduta e segundo o fruto de seus atos! Tu que fizeste sinais e prodígios no Egito e até hoje em Israel e entre os homens. Tu fizeste para ti um nome como hoje se vê. Tiraste teu povo do Egito com sinais e prodígios, com mão forte, braço estendido e grande terror. Deste-lhe esta terra que tinhas prometido por juramento a seus pais, terra em que corre leite e mel.”. Usa de misericórdia e concedes os dons do Espírito Santo à este povo desta Quase Paróquia de Nossa Senhora de Fátima e São Francisco de Assis, mas sobretudo o Dom do Conselho para que este povo de Barra do Pojuca possa, com o Conselho recíproco, te amar cada vez mais.

Louvado seja Deus. 

 



[1].            Coser L. A., Confito, in "Dizionario delle Scienze Sociali", Milão 1997, pág. 112;

[2].            Sattler D., Scheider T., Dottrina della creazione, in "Nuovo Corso di Dogmatica/1", Brescia 1995, pág. 262;

[3].            Bastianel S., La fame, una sfida allo sviluppo, in "La civiltà cattolica" 3520 (1997), pág. 337-338, nota 5;

[4].            Dastianel S., L afame, cit., pág. 338, nota 6;

[5].            Stolz A., La scala del paradiso, Brescia 1979, pág. 34;

[6].            Chiara Lubich, Por uma civilização do amor, discurso do dia 11.06.1988;

[7].            Chiara Lubich, discurso aos bispos amigos do Movimento, num encontro ecumênico, 19.11.2001;

[8].            Sociol. Situação em que há divergência ou conflito entre normas sociais, tornando-se difícil para o indivíduo respeitá-las igualmente (Dic. Aurélio). 

[9].            Idem;

[10].          Chiara Lubich, Gesù crocifisso e abbandonato: radice della Chiesa comunione, in "Gen's" 4 (2001, pág. 103;

[11].          Idem, L'unità e Gesù abbandonato, Roma 1984, pág. 83;

[12].          A objetividade do pesquisador social é um tema que mereceria muito mais espaço neste relatório. Gostaria de destacar somente que a figura do sociólogo "sacerdote do social", já falecido, passou de época. Gostaria que o fosse também a figura do "técnico do social", que Mills condenava com grande veemência, reivindicando para ele o nome de "intelectual" no sentido mais amplo e belo da palavra, como capacidade de cientista independente e livre.

                É difícil hoje aceitar ainda a tradição do sociólogo frio, separado e "científico". Como afirmava Popper: «Não podemos privar o cientista da sua parcialidade sem privá-lo ao mesmo tempo da sua humanidade. Analogamente, não podemos proibir ou destruir as suas avaliações sem destruí-lo como homem e como cientista. As nossas motivações e os nossos ideais puramente científicos, como o ideal da pura pesquisa da verdade, estão profundamente enraizados em valores extracientíficos e em parte religiosos. O cientista objetivo e avaliador não é só o cientista ideal. Sem paixão não se faz nada, e puramente na ciência menos ainda. A expressão "amor da verdade" não é uma pura metáfora» (La lógica delle scienze sociali, in AA.VV. Dialettica e positivismo in sociologia, Turim 1972, pág. 116). A co-participação do sociólogo na realidade que estuda não só deve existir, mas deve ser "declarada", ou seja, tendo sido indicado o contexto cultural, os paradigmas que o endereçam na ótica com a qual observa, ele analisa e interpreta a realidade. O famoso sociólogo brasileiro, Josué de Castro, escreveu na introdução do seu ensaio «Uma zona explosiva: o Nordeste do Brasil»: «Os fatos que exporemos deverão ser considerados como a cristalização do que acontece no nordeste do Brasil, segundo o ponto de vista de um pesquisador que se aproxima dos problemas para estudá-los, mas que é ao mesmo tempo morador da região, e portanto está impregnado no corpo e na alma da vida desta terra e dos sentimentos do seu povo»;

[13].          Ferrarotti F., Sguardo sul mondo attuale, in "La Critica Sociologica", 142 (2002), pág. 60;

[14].          Rifkin G., L'era dell'accesso, Milão 2001, pág. 326;

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PRIMEIRA REUNIÃO MISSIONÁRIA DA TIRIRICA.

Foi à tardinha do sábado, 9 de abril de 2016, que a Equipe Missionária da Tiririca se reuniu para avaliar e planejar ações missionárias.

Que Jesus Ressuscitado nos ajude à terminar tão bem, o que tão bem começamos.

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